Muitas pessoas possuem opiniões formadas sobre a homossexualidade. Umas dizem que é normal, que não têm preconceito, que não liga, que é indiferente... Outras soltam o verbo e dizem que têm nojo, horror, pavor. Acham coisa do demônio e por aí vai. Eu, Mariana*, tenho 20 anos e nessas duas décadas que vivi nunca tive problema nenhum com as diferenças da vida, entre elas o fato de descobrir que meu irmão é homossexual.
Não faz tanto tempo assim que o Luciano*, meu irmão, se assumiu para a família. A primeira pessoa a ficar sabendo mesmo fui eu, pois ele estava tendo um relacionamento com um antigo namorado meu. No começo achei desrespeito a minha pessoa, mas depois entendi que seria desrespeito eu achar desrespeito, porque ele estava feliz, e sim... com um homem. Não briguei, não gritei, não evitei, não fiz nada assim, só apoiei.O próximo passo era contar para mãe, pai, avó, avô, tio, tia, cachorro, gato e papagaio. Num almoço de família foi quando a confissão aconteceu, aos poucos, pessoa por pessoa, e todos ficaram sem reação, exceto meu pai, que por sua vez disse que não aceitaria essa ‘pouca vergonha’ dentro da casa dele.
Meu irmão, que já estava esperando por uma reação negativa, saiu de casa, foi morar sozinho e hoje a relação com meu pai é totalmente normal e pacífica como era antes. Mas por alguns meses, quase um ano, o clima em casa era de tensão total, meu pai indignado alegou estar doente, disse que iria morrer e sinceramente não conseguiu preocupar ninguém, depois viu que Luciano estava muito mais feliz do que de costume, então parou de bobeira e se desculpou com ele.
Ser gay não é opção, e também não é opção sentir o preconceito no dia-a-dia. Alguns membros distantes da família ficaram mais distantes ainda, era fofoca, motivo de piada. Na rua, certa vez quando ele andava com o namorado, quase apanhou de um bando de caras, mas conseguiram escapar.
Quanto ao lado profissional, ainda bem, não tivemos nenhum problema. Luciano sempre foi muito forte e tem muita convicção de que é feliz e isso está acima do que os outros pensam ou falam dele.
Um dia, em meio ao caos que a família se tornou no princípio, meu irmão, com os olhos cheios d'água me disse a seguinte frase: ‘todas as pessoas dizem que o amor cura, que o amor vence tudo, que não há limites para amar... mas quando eu conto a todos que amo, sou recebido com palavras ríspidas e pedras nas mãos’. Então digo para encerrar: Meu irmão é gay e eu o amo”.
* Os nomes foram trocados para preservar a identidade dos entrevistados.
Fonte : IG Jovem
Entrevista Não Esclussiva
Voce Leu Entrevista com Jovem
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